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Editorial

Caros amigos de Portugal,

Na véspera do campeonato mundial de futebol, já não se fala de outro assunto. Também a nossa cidade, com quatro jogos, está na berlinde. Além disso, hospeda uma equipa participante, a dos Estados Unidos da Ámerica. Teria sido mais bonito se tivesse sido a de Portugal, mas, pelo menos, essa encontrou, em Marienfeld, um quartel dentro da área do nosso consulado-geral. Ou teria sido conveniente que tivesse sido a do Brasil, a actual equipa detentora do título, pois como nem todos devem saber, o fundador, em 1900, do primeiro clube brasileiro de futebol ainda existente , foi um imigrante hamburguês, Johannes Christian Moritz Minnemann, avô da nossa presidente Maralde Meyer-Minnemann.

Esse campeonato tem ainda outro condão que diz respeito ao tema desta edição da nossa revista. Já repararam que, das 38 equipas, três são de expressão lusa e vêm de três continentes diferentes? Da Europa, a equipa portuguesa, das Américas, a do Brasil, e da África, a de Angola. Isso não é mais do que o outro lado das migrações portuguesas. Na última edição, debruçámo-nos sobre a imigração, que é um fenómeno marcante do Portugal dos nossos dias.

Mas, historicamente, Portugal é o país clássico da emigração. Portugal foi a primeira das nações europeias da nossa era a sulcar os oceanos que ligam os continentes: o Atlântico, o Índico e o Pacífico. Ultimamente, tem-se falado muito nas navegações dos chineses e no almirante Zheng He, mas as suas expedições foram sem sequelas para o velho continente.

Muito mais consequências tiveram as chegadas dos portugueses às costas americanas, africanas e asiáticas, embora esse facto nem sempre tenha encontrado a devida atenção nos nossos livros de História. Entre os séculos XV e XVII, Portugal era incontestavelmente a primeira nação navegadora, antecipando de longe os empreendimentos de espanhóis, ingleses, franceses e holandeses. E com uma linha contínua de feitorias, sobretudo nas costas africanas e indianas, para onde 10% da população estava deslocada, Portugal era - como se diria hoje em dia - o primeiro "global player" europeu.

Até há fortes indícios que o próprio ícone dos descobrimentos, Cristóvão Colombo, não fosse italiano nem espanhol, mas sim português. É uma teoria ventilada desde há muito, mas que está a ganhar fôlego com um romance acabado de sair e que tem grande êxito em Portugal, "O Codex 632". Seja como for, o que parece indubitável é a ascendência judia ou sefardita de Colombo/Colón. E é exactamente essa camada da população portuguesa que mais tem contribuído para o fluxo migratório dos portugueses. Após a sua expulsão e/ou baptismo forçado no início do séc. XVI, os sefarditas, agora chamados cristãos novos, espalharam-se pelo mundo fora levando consigo a cultura e a língua portuguesas.

Entre os portos por eles demandados encontra-se a cidade de Hamburgo, como consta das magníficas sepulturas no cemitério na Königstraße. Peter Koj, no seu relato sobre a vinda dos primeiros portugueses em Hamburgo, mostra que eles, além da cultura e da língua portuguesas, trouxeram uma rica bagagem consigo. Enquanto os grandes centros da emigração luso-judaica eram portos como Hamburgo, Amesterdão, Antuérpia, mas também Bordéus e Londres, houve sefarditas que, isoladamente, chegaram às terrras tão longínquas como a Rússia. É o caso de Juan d'Acosta, bobo na corte de São Petersburgo, que nos é apresentado pelo grande perito na matéria, Michael Studemund-Halévy. Alguns sefarditas foram até às novas terras como os Brasis e a Índia. Mas lá esperava-os sorte semelhante à que tinham tido na pátria, a Inquisição. Maralde Meyer-Minnemann, nas suas viagens pela Índia, andou à procura de vestígios da presença portuguesa em Cochim e Goa e, entre outros, relata-nos a sua visita à Casa Bragança.

As ex-colónias portuguesas na África festejaram, no ano passado, os 30 anos de independência. Por essa ocasião, dedicámos uma edição especial, nomeadamente o número 30, a um desses países, Cabo Verde. Desta vez, o moçambicano Elísio Macano conta-nos como viveu a luta pela independência do seu país. Como é sabido, Moçambique continua confrontado com grandes problemas. Por isso fazem sentido projectos como o de Ntwanano, no qual participou a estudante hamburguesa Nele Herrmann.

De índole em tudo diferente mostra-se a emigração lusa pós-guerra, que já foi tema de várias edições do "Correio Luso-hanseático". O grande pólo de atracção desse fluxo era, e ainda é, França, sobretudo a capital Paris, com cerca de cem mil residentes portugueses. Mas não são de menosprezar a nossa cidade, com quase dez mil cidadãos portugueses, a maior colónia portuguesa na Alemanha, como nos lembra o Professor José d'Encarnação, de Coimbra, e o pequeno país de Luxemburgo, onde os portugueses são omnipresentes, como constatou Monica Reukauff.

Agradecemos aos autores os seus contributos esperando que vos proporcionem uma leitura agradável e interessante. Mas com esta edição queríamos também chamar à vossa atenção os eventos que nós e outros têm na forja e que não são só futebol. Começa logo a 11 de Maio o festival de filmes portugueses no Abaton. Sob o lema "Nah am Wasser" ("À beira-mar plantado") vão ser apresentados filmes recentes, mas também alguns antigos, como duas curta-metragens de Manoel de Oliveira. Além disso, terão oportunidade de ver a bólide que o grande realizador portuense conduziu nos anos 30 e que foi adquirida e restaurada pelos nossos sócios Gudrun e Dr. Axel Walter (veja o seu relato no número 32 da nossa revista).

A 17 de Junho, terá lugar o Arraial no Museu de Etnologia, com transmissão simultânea do jogo Portugal-Irão. A 6 de Agosto, completam-se os dez anos da fundação da nossa associação. Mas como, nessa data, muitos associados ainda estarão de férias, a festa terá lugar a 14 de Outubro, também no Museu de Etnologia. Mas antes disso, mais exactamente a 3 de Setembro, haverá ainda a nossa já tradicional sardinhada. Após o êxito do ano passado, encontrar-nos-emos de novo no bonito recinto dos bombeiros de Tötensen. Como vêem, uma Primavera e um Verão que prometem! Fazemos votos de que possam aproveitar e aparecer nesses e noutros eventos como as nossas rondas mensais dos restaurantes.

A redacção





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Portugal-Post Nr. 34 / 2006



Deutliche Züge der portugiesischen Architektur trägt das Fenster in der Casa Bragança in Goa, einer ehemaligen portugiesischen Kolonie Indiens