.
  Wir über uns    Mitglied werden    Kontakt    Gästebuch


OS MAIS BONITOS POEMAS DE FADO

Escolhidos por Hans-Joachim Hagen e traduzidos por Luise Albers

Vou dar de beber à dor

Foi no domingo passado que passei
À casa onde viveu a Mariquinhas
Mas está tudo tão mudado
Que não vi em nenhum lado
As tais janelas que tinham tabuinhas
Do rés-do-chao ao telhado
Não vi nada nada nada
Que pudesse recordar-me a Mariquinhas
E há um vidro quebrado e isolado
Onde havia as tabuinhas

Entrei e onde era a sala agora está
Á secretária um sujeito que é lingrinhas
E não há colchas com barra
Nem viola nem guitarra
Nem espreitadelas furtivas das vizinhas
O tempo cravou a garra
Na alma daquela casa
Onde às vezes petiscávamos sardinhas
Quando em noites de guitarra e de farra
Estava alegre a Mariquinhas.

As janelas tão garridas que ficavam
Com cortinados de chita às pintinhas
Perderam de todo a graça
Porque é hoje uma vidraça
Com cercadura de lata às voltinhas
E lá p´ra dentro quem passa
Hoje é p´ra ir aos penhores
Entregar ao usuário umas coisinhas
Chegou a esta desgraça toda a graça
Da casa da Mariquinhas.

P´ra terem feito da casa o que fizeram
Melhor fora que a mandassem p´ras alminhas
Pois ser casa de penhor
O que foi viveiro de amor
É ideia que não cabe cá nas minhas
Recordações de calor
E das saudades o gosto
Que vou procurar esquecer numas ginjinhas
Pois dar de beber à dor é o melhor
Já dizia a Mariquinhas.


Autor: Dr. Alberto Janes





| Seitenanfang |





Impressum         Disclaimer
.
Portugal-Post Nr. 23 / 2003


Zeichnung von Joaquim Pais de Brito




"Casa da Mariquinhas"
Miniatur-Nachbau von Alfredo Marceneiro
Maße: 102,0 x 40,5 x 59,0 cm