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A pequena história

Por Romina Carneiro

A anedótica viagem de táxi por Hamburgo

Dia oito de Fevereiro deste ano fiz vinte e quatro anos e apesar de me sentir cada vez melhor na Cidade Franca Hanseática, continuo em dias destes a pensar que seria bom estar em casa. Como só vivo aqui desde Outubro de 2000, ainda não tenho tantos amigos assim, mas graças à minha vida estudantil contacto com imensos jovens simpáticos. De vez em quando há umas festitas nos lares de estudantes para as quais se vai sendo convidado via terceiros. Foi assim que, no meu aniversário, um amigo me perguntou se não queria ir a uma festa de anos. Bom, pensei, Quinta-feira, na cidade também não há assim grande movimento… Está bem. Festejo o meu aniversário na festa de outro aniversariante. Um bocado esquisito, mas apesar de tudo engraçado. Cumprimentámo-nos:

– “Parabéns!”

– “Parabéns!”

Fiquei a saber que apesar de também ter nascido a 8 de Fevereiro não era de ‘77 mas de ‘76, o que não tirou de nenhum modo a graça à situação. A festa durou até às três da manhã. Como a estas horas não havia camionetas nem metro, vi-me forçada a apanhar um táxi. Entrei em Hagenbecks Tierpark e disse ao condutor o meu endereço de Othmarschen.

- “Bem, acho que vou pela auto-estrada”

- “Está bem, como achar melhor”, disse eu, sem sonhar que a saída de Othmarschen estava fechada devido a obras. Quando o simpático jovem se deu conta deste facto, sussurrou irritado um palavrão em alemão e, desligando o contador, disse:

- “Agora temos de passar o túnel do Elba. Quer ir até Bremen ? Como o erro foi meu, desligo o contador.”

Eu fiquei admirada e, pelos vistos, deixei transparecer um ar de desespero, pois o taxista retirou imediatamente a brincadeira de Bremen. O facto de termos de passar o túnel era no entanto verdadeiro. E como aqueles a quem semelhante já sucedeu saberão, só se pode dar a volta em Finkenwerder. Foi um passeio demorado e os anos passados em Portugal não teriam tido certamente metade da graça, pois a seguir a virarmos em Finkenwerder e termos chegado à entrada do túnel, demos de caras com uma enorme bicha de camiões que se devia ao facto do túnel do Elba estar fechado para controle de altura. Restava-nos esperar meia hora no meio daquelas camionetas todas. Desta vez não ouvi palavrões mas uma pergunta muito simpática e inesperada:

- “Quer um chá?”

Não consegui conter o riso. Não era por causa da pergunta, mas a situação estava a tornar-se tão surrealista que tive mesmo de me rir. Perguntei-lhe se tinha mesmo chá consigo. Ele respondeu que podia ir buscar o termo ao porta-bagagem, que tinha chá preto e estava “levemente açucarado”. Tomando então um copo, ou melhor, uma tampa de chá, que me fez mesmo bem, pus-me a pensar qual seria a melhor maneira de aproveitar aquele precioso tempo de sono.

- “Conhece anedotas?”

perguntei. Ele contou uma muito engraçada e quando eu tinha acabado de me rir, disse que era a minha vez. Bom, pensei eu, com renovada vontade de rir.

- “Um Senhor de setenta anos conta orgulhoso ao seu compadre, que arranjou uma namorada de dezanove anos. O amigo pergunta-lhe admirado como é que ele tinha conseguido tal coisa, ao que o primeiro responde: ‘disse-lhe que tinha noventa’.”

Tinha chegado a vez dele e assim passámos os restantes 25 minutos à frente do túnel do Elba. Como passada esta divertida meia hora, as grades tinham sido levantadas, ele podia levar-me a casa. Quando porém chegámos, o nosso reportório não tinha ainda terminado e o simpático chofer perguntou-me se eu queria dar mais uma volta, o contador continuaria desligado. Lá fomos nós ainda até Teufelsbrück e na vinda já me ia lembrando do facto de serem horas de dormir. Vi assim portanto chegar ao seu anedótico fim o meu primeiro aniversário em Hamburgo. Isto não, sem ter tido os meus pais perto de mim: o meu Pai pelo facto de ter herdado dele este talento de contar anedotas, a minha Mãe por ter terminado a viagem de táxi com um passeio até ao sítio de onde ela é natural – Blankenese.







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Portugal-Post Nr. 15 / 2001