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HAMBURGO

Por Hery Noppeney

Eu vivi contigo, cidade grande,
noventa e seis meses
de mãos dadas,
vinte e quatro horas por dia
e nunca conheci tua forma de sorrir,
nunca entendi tuas palavras,
nunca ouvi uma canção tua
pra mim,
nem um poema, nem uma luz,
nem um aperto de amigo.

Cidade grande,
pra mim pequena demais pra poder respirar,
pobre demais pra poder engolir
as madrugadas e sorrir
pro universo que tanto te assusta.
Tuas ruas, tuas calçadas
sempre vazias,
teu peito sempre frio, feito bandido.
As chuvas de pedra, teus telhados
apodrecidos pelo terror
que te engrandece
no íntimo das tuas fraquezas.

Tua forma falsa de olhar pra mim
e acariciar o sol
que só te ilumina porque a lei suprema
assim o deseja.
Tua vontade de cobrir as estrelas
pra enganar meu rumo,
tua liberdade falsamente desenhada,
teu rosto branco sem graça,
tua cerveja, tua sujeira,
vergonha de todas as outras cidades.
Tuas esquinas onde o cansaço
me consome e me espanta,
teus erros que eu tento acalmar
pra poder comprar minha liberdade
e tentar tuas fronteiras tão distantes.
Minha paciência esgotada
pela fumaça que vai
marcando tua desilusão no meu rosto.

Cidade grande,
sem emoção, sem corpo, sem cabeça,
sem resposta pra se elevar
e acreditar em algo superior.
Minha paz aqui perdida,
meu corpo enfraquecido, minha fome,
minha tortura, minha derrota,
meu caso marcado no passaporte,
minha saudade, minha ida que sempre vem
empoeirada pela tua vaidade.

Cidade grande,
eu acho que você nunca
vai conseguir crescer!







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Portugal-Post Nr. 10 / 2000